Um jovem isabelense recém formado em Direito pela FGV – Fundação Getúlio Vargas alcançou um importante feito acadêmico. Mário Alfredo de Oliveira, de apenas 22 anos, teve sua monografia reconhecida pelo Instituto Rio Branco, mantido pelo Ministério das Relações Exteriores. Ele ficou com a primeira colocação do Prêmio Bruno Guerra Carneiro Leão de Monografias em Direito do Comércio Internacional, uma conquista de visibilidade nacional.
Foi através do desenvolvimento da monografia no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Faculdade Getúlio Vargas, que Mário se destacou entre tantos outros trabalhos inscritos junto ao Instituto Rio Branco para concorrer ao prêmio de maior destaque da área do Direito Internacional do Brasil. O tema escolhido foi: “Os acordos regionais de comércio e a inserção de países em desenvolvimento no comércio internacional”, que trata da discussão da efetividade da linguagem utilizada para incluir países em desenvolvimento, em tratados internacionais.
Mas o que fez Mário Alfredo se sagrar vencedor em uma disputa com concorrentes de tão alto nível, foram anos de incansável pesquisa, e, principalmente, dedicação a seu trabalho, que começou a tomar forma em 2015, quando o isabelense ainda passava pelo processo de iniciação científica e teve a oportunidade de começar a se aprofundar no tema.
Orientado e incentivado por Michelle Ratton Sanchez Badin, professora do curso de Direito da FGV, Mário afirmou que sempre teve interesse pela área de Comércio Exterior e que se interessou pela discussão por, apesar da relevância do tema proposto, o assunto ainda é pouco debatido: “Por ser um tema pouco explorado, acabou me chamando atenção e eu tive muito prazer em trabalhar nele”, declarou.
Segundo Mário Alfredo, o trabalho, essencialmente, busca entender como os tratados internacionais foram inscritos e como a linguagem de exceção e o tratamento diferenciado – uma linguagem legal para inserção dos países em desenvolvimento no comercio internacional, na Letra da Lei – estava sendo utilizada ao longo dos tempos.
O trabalho foi dividido em duas fases. Primeiro, foi levando em consideração o viés histórico, a fim de entender como esse processo de flexibilização e inserção dos países em desenvolvimento ocorreu. Já em um segundo momento, foi realizada uma comparação específica de dois tratados, sendo analisado o Trans-Pacific Partnership (TPP), que é o acordo transpacífico, e o acordo Bi-lateral, firmado entre Brasil e Peru. Os dois tratados tiveram suas linguagens comparadas no sentido de entender como se alternavam entre si e se a abordagem auxiliava, ou não, a inserção desses países no comércio internacional.
Para o premiado, a importância do trabalho se dá, principalmente, no entendimento da efetividade da linguagem desses tratados, em sua redação, perante aos países em desenvolvimento e as dificuldades enfrentadas por essas nações na concorrência com países desenvolvidos, de economia mais robusta:
“Foram anos de trabalho, de pesquisa e de análise de resultados. Me sinto realizado em ganhar o prêmio, por ser o reconhecimento de um trabalho de pesquisa, que infelizmente não é valorizado aqui no país. A conquista é muito importante para a educação e para mostrar que o trabalho de pesquisa acadêmico é relevante e tem implicações práticas, que podem auxiliar muito o país e também os profissionais da área. Eu me formei no final do ano passado e foi um reconhecimento incrível e muito importante que eu tive logo no início da minha carreira”, comemora.
A excelência da conquista do Prêmio Bruno Guerra Carneiro Leão, por Mário, fica mais evidente ao ressaltar que, para estar entre os concorrentes, o interessado pode ser estudante ou profissional que esteja matriculado em instituição de ensino superior ou tenha diploma de graduação ou pós-graduação expedido por instituição de ensino superior. Ou seja, o jovem isabelense concorreu com profissionais experientes e trabalhos de peso no meio jurídico.
Na avaliação de seu trabalho, Mário Alfredo foi submetido a uma banca examinadora, constituída por profissionais com conhecimento especializado em direito do comércio internacional e áreas correlatas.
Além de receber a certificação de vencedor, Mário também terá sua monografia publicada em meio eletrônico pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG). De acordo com o Instituto Rio Branco, o primeiro colocado também poderá ser convidado, a critério do Ministério das Relações Exteriores, para participação em visita acadêmica à Delegação do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio e outras Organizações Econômicas em Genebra, na Suíça, em programa de estágio junto à Divisão de Contenciosos Comerciais do Ministério das Relações Exteriores, ou, ainda, em programa de estágio junto à Cátedra da OMC no Brasil, sediada em São Paulo.
Mário acredita que a conquista irá abrir muitas portas acadêmicas e profissionais. Daqui pra frente ele pretende dar continuidade as pesquisas e se aprofundando cada vez mais neste e em outros temas relacionados ao Direito nas Relações Internacionais.
Alguém que tão jovem, alcança um prêmio tão importante, certamente tem uma trajetória marcada pela dedicação aos estudos. E com Mário Alfredo não foi diferente, ele afirma que sempre viu nos estudos, um prazer. O gosto pelo Direito veio ainda jovem, quando ele tinha 15 anos e enxergou na profissão uma oportunidade de exercitar o que ele sabia fazer de melhor: escrever e falar em público.
Em Santa Isabel, Mário foi aluno de escola pública e cursou o Ensino Fundamental na Escola Estadual Major Guilhermino Mendes de Andrade, que, segundo o ex-aluno, foi um local onde encontrou uma estrutura de qualidade para buscar cada vez mais conhecimento.
Durante o Ensino Médio, esteve matriculado em um colégio particular de Santa Isabel, onde foi aluno através da conquista de uma bolsa de estudos. Sua carreira acadêmica na renomada Faculdade Getúlio Vargas (FGV), também foi fruto do benefício destinado a alunos com desempenho acima da média e através de um processo seletivo, ele conquistou uma bolsa de estudos integral.
“Todo mundo pode chegar onde quiser”. Vir de família humilde, estudar a maior parte da vida letiva em escola pública e ingressar em um curso superior aos 17 anos de idade, foram degraus superados por Mário Alfredo, que conta que, além de ter tido força de vontade para ir em busca do sonho de ser advogado, também contou com a ajuda de muita gente para chegar onde está hoje.
"Tem uma parte de esforço pessoal, mas ninguém é uma ilha e ninguém consegue nada sozinho. Eu tenho que agradecer a todos que me ajudaram a chegar onde cheguei. Nenhum sonho é impossível, nenhuma carreira é muito difícil e não existe carreira de menino e carreira de menina, acho que o que você quiser fazer, você pode fazer com determinação e apoio. Acredite, você também pode chegar a lugares tidos como impossíveis, como eu cheguei”, declara Mário Alfredo, mais um isabelense que fez dos estudos a ponte para a realização profissional.
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