Francisco Carlos Machado, 44 anos, filho de Ulisses e Georgina Machado, nascido e criado no município de Santa Isabel, descobriu aos sete anos o gosto pela arte e pintura, data em que ganhou o concurso de melhor desenho da escola, incentivado pela professora de artes Maria Aparecida Camargo ( Cida Camargo, já falecida). Desenho este que mostrava soldados e tanques de uma forma que o aterrorizava, visto que era o fim do período militar, Francisco já manifestava grande sensibilidade quanto ao momento histórico vivido no país e o demonstrava no papel.
Durante toda infância e adolescência teve muito contato com a natureza: terra, folhagens, plantas e animais, momento em que se inspirou e começou a esboçar desenhos – riscando os primeiros traços - utilizando tinta guache e lápis de cor. A família o incentivava bastante e participava com ele do sonho de um dia se tornar um profissional da arte. Desta forma tudo virava desenho nas mãos de Francisco, nesta época, já havia se tornado. Os filmes que assistia, os sonhos que tinha durante a noite, uma paisagem, uma construção antiga, enfim tudo se transformava em pintura.
O grande impulso para o início da carreira de Francisco foi uma exposição com desenhos em cartolina feitos na escola em que cursava o ensino médio ( E.E.P.S.G. Professora Maria Santos Bairão) e teve como grande incentivadora a diretora da escola, a qual sempre o apoiou em todos os projetos: Maria Aparecida Ferraz de Souza (Picida). A exposição de desenhos foi um sucesso tão grande, que um grupo do Lions Clube, em especial o casal José Maria e Ismênia, promoveu um mutirão de arrecadações para que o nosso artista pudesse comprar os materiais profissionais. Com o dinheiro Francisco foi à praça da república, juntamente com a professora e amiga Tereza Giovanni, onde adquiriu e teve o primeiro contato com telas, tintas em acrílico, à óleo, enfim os materiais utilizados por um profissional da pintura.
Com todo o material necessário em mãos Francisco fez da cozinha de sua casa seu primeiro ateliê. Trabalhava durante o dia, juntamente com os amigos Danilo e Agenor, no setor de criação e desenho – utilizando bico de pena e nanquim - da empresa Durga (que pertencia a Manilau Biswas) e à noite, ao chegar em casa pintava durante às madrugadas até ao amanhecer, para que pudesse assistir, inspirar-se e pintar o nascer do sol, pelo vitrô de sua janela.
Em 1996 aconteceu a primeira exposição de nosso artista como profissional e o local escolhido foi o antigo Casarão Arte e Cultura ( lugar cedido pelo Dr. Gilberto Neves – o Giba), onde Francisco teve a oportunidade de vender, pela primeira vez, algo que tinha feito e com o dinheiro investiu em mais materiais para novas exposições,as quais continuam até hoje.
Depois de então veio a experiência com os alunos. Ele lembra com muito carinho da primeira aluna que teve Tâmisa Regina ( filha de Célia Queluz), a qual começou a ter aulas aos oito anos de idade e ficou até os dezenove. Francisco diz, aos risos, que ajudou a criar a menina e que até os cacoetes que ele tem a aluna adquiriu ao longo dos anos.Hoje Tâmisa faz arquitetura e disse que até a escolha do curso foi inspirada pelo professor. Assim outros alunos vieram e até hoje Francisco continua a ensinar e guiar os alunos pelos caminhos da arte.
As exposições seguiram-se pelas várias cidades vizinhas, onde por muitas vezes Chico expôs com os alunos: Arujá – com o apoio das amigas Ana Campos e Elisabeth Loffit - Mogi das cruzes, Suzano, São José dos Campos (Sesc São José), no interior do Estado – Catanduva, São José do Rio Preto, Jaú e Águas de São Pedro – em Santa Catarina ( Florianópolis e Blumenau), bem como expôs na Bienal de Arte e Pintura, na cidade de São Paulo, no ano 2000 e nos países sul-americanos: Argentina e Chile .
Época em que começou a trabalhar com materiais em elementos naturais aplicados às telas: argila, resina vegetal, pedra, madeira, semente, papel machê, bem como pigmentos orgânicos, como: carvão, cipó, entre outros. Os trabalhos fizeram tanto sucesso que várias telas de nosso artista foram vendidas para a Europa: Alemanha,Espanha e Holanda.
Francisco estava vivendo um momento de grande transformação em sua vida, porém sentia que faltava algo para “ vivenciar a arte”. Ocasião esta em que começou demonstrar grande interesse pela cultura indígena. Pesquisou em livros e revistas especializadas, filmes e internet. Assim, juntou dinheiro e a coragem de sempre, e foi rumo ao Mato Grosso - Rondonópolis - aprender com a riqueza da cultura indígena.
Visitou aldeias indígenas –Parque do Xingu - e as Tribos: Kamayura, Mehinaku, Bororo e Guarani. Observou com atenção e aprendeu as técnicas de manipulação de material, a forma como a pintura e a arte se desenvolviam, assim como assistiu e participou de cerimoniais ( com a autorização do grupo, é claro). Foi um trabalho de três anos: 2005, 2006 e 2007. Francisco conta que teve uma relação muito boa com os índios, um convívio de extremo respeito e admiração, também enfatizou que foram três anos de constante aprendizado, purificação e autoconhecimento.
Ocasião esta em que conheceu o fotógrafo e hoje amigo Valter Arantes e juntos realizaram uma grande exposição na cidade de Rondonópolis. O sucesso foi imediato, a ponto da Prefeitura do Município comprar inúmeras obras de nosso artista isabelense para o acervo da cidade, como patrimônio cultural. Foi a partir de então que Francisco iniciou a grande jornada de aprofundamento na arte e conhecimento indígena, contudo não ficou apenas nos quadros, mas também passou a produzir objetos e materiais artesanais, aos quais denominou Arte Ancestral.
Francisco participou de muitas premiações, entre elas: primeiro, segundo e terceiro lugar ( Salão de Artes Plásticas, da cidade de Arujá), medalha de prata, na categoria Contemporânea (Galeria Mali Villas Boas, em São Paulo) e foi convidado para uma participação especial no Mapa Cultural Paulista, durante três anos.
Quanto aos projetos futuros Francisco está se preparando para uma exposição internacional (América do Norte), bem como aguarda ansioso a diplomação no curso de Gestão Ambiental, pois pretende fazer a intersecção com a arte, por considerar que o ser humano, a arte e o meio ambiente andam sempre juntos.
Artista plástico,há nove anos no Centro Cultural do Município ( convidado pelo grande amigo Homero Vallone), local em que ministra aulas de pintura e conhecimento artístico, Francisco almeja que seus alunos possam tornar-se profissionais da pintura, não apenas pelo comércio, mas pelo apreço à arte.
A mais recente exposição da arte indígena de Francisco foi em maio deste ano, intitulada “Arte Ancestral” – um grande sucesso – com organização e acessória dos amigos: Lany Lourenço e Hermes Hemerick.
Francisco Machado, finalizou com o que considera fundamental em sua vida: “ Viver da Arte... É difícil, mas gratificante”,bem como acrescentou que a vida é um constante aprendizado, você se transformando a todo momento, aprendendo com o seu “eu” interior e sempre buscando “o especial... aquilo que está adiante” – sabedoria, que adquiriu com os índios e tem consigo a todo momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário