Eliza Hideko Tanoue Hira, 61 anos, sempre trabalhou na lavoura. Desde cedo sua vida foi difícil, pois sendo uma das mais velhas dos irmãos, quando os tempos eram de dificuldade, só os mais novos ganhavam um pedaço de pão. Muitas vezes, fazia sua refeição na escola, no horário de merenda.
Sua casa ficava 11 km da escola. Fazia esse percurso a pé e descalça. Colhia pelo caminho pedaços de revistas e jornal, onde poderia anotar as aulas, já que caderno também não tinha. Nos dias de chuva gostava, pois os professores lhe davam roupas secas como presente. Não importando se era usada.
Seu pai plantava parte dos alimentos que consumiam. Quando ele usava agrotóxicos, já notava que aquilo era veneno e prejudicial.
Já na mocidade conheceu o japonês Ichiro Hira. Se apaixonaram e tiveram seus filhos. Eliza, que fez uma promessa de jamais usar aqueles venenos em plantas, começou a plantar no quintal de casa.
Até então os recursos da casa vinham do trabalho com pedras decorativas e refeições de yakissoba na Praça da Bandeira. Tudo começou a mudar quando a filha começou a levar algumas verduras para seus paciente de fisioterapia em São Paulo.
Sem agrotóxicos eles eram extremamente saborosos. Antes, eram presentes e depois se tornaram encomendas. O que tornou o quintal de colheitas na Fazenda da Prosperidade.
Quando se ausenta, Eliza deixa um script de como será cada plantio e colheita. Impressionando os mais leigos.
A família Hira esta inscrita no projeto ALI (Agente Local de Inovação) promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Assim, o que era só presencial, agora se tornou virtual também. Tanto que pacientes com câncer são alguns de seus clientes, que não podem consumir alimentos industrializados muitas vezes, pela química que possuem. Além de fazerem parte do Programa Olericultura Orgânica do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
ALCÂNTARA, Érica. Plantio da prosperidade em Santa Isabel. Jornal Ouvidor. 27 de Junho de 2020. p. 7.
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