Resolvi postar esse post, já que essa história molda uma parte dessa cidade. E os relatos de um município fazem parte de sua cultura. Mesmo quando perdemos muitas referências disso.
Muitas vezes quando passamos em
determinado lugar não notamos certas coisas. Especialmente em uma cidade
pequena como Santa Isabel. As pessoas que adentram o restaurante do Mercado
Português podem passar despercebidas por certas fotos. Entre elas esta uma
intitulada “Acidente Aéreo no Campo do Juta”. Ela é uma das imagens do acervo
concedido por Romeu Almeida Machado. Ao que parece ela foi tirada em 1940.
Existe uma pequena história sobre
isso. Muitos não sabem, mas a famosa Galeria e a escola Gabriela nem sempre
existiram em Santa Isabel. No lugar da primeira existia a fábrica do Juta, onde
se fazia estopa. E atrás desse lugar existia um campo pertencente a este
estabelecimento industrial, onde hoje é um lugar de ensino.
No entanto, o fato ocorreu de uma
maneira bem nebulosa. Ao que parece um avião “teco-teco” estava com algum
problema em seu voo. Tanto que sobrevoou a cidade das 16:00 até as 18:00 horas
da tarde. O que se sabia é que havia só um ocupante dentro dele e que pretendia
pousar. Lembrando que havia uma grande área verde na cidade, naquela época.
Tentaram sinalizar para o piloto até mesmo através da Igreja Matriz, ao qual não
obtiveram sucesso. Houve uma grande comoção da população para tentar ajudar.
No final, conseguiram sinalizar
no campo de futebol atrás da fábrica através. E ele tentou pousar na área, se
arrastando daquele ponto até próximo da ponte da fábrica de farinha (onde hoje
é o consultório do doutor Paulo César, hoje em dia, mais ou menos). Ao
retirarem o piloto daquele avião, os populares o levaram até uma farmácia da
época. Era chamada Fármacia Santa Isabel e pertencia Hieróclio Pessoa de
Barros. Mesmo sendo socorrido, o homem não sobreviveu.
Muitos dos dados são bem
nebulosos. Os motivos para escrever sobre isso são os seguintes:
A cidade esquece facilmente fato
de tamanha importância. Não por ser um desastre, mas relativo ao fato das
pessoas se comoverem em um ato desses naquele período. Especialmente se
compararmos nos dias de hoje, onde pensamos mais em filmar brigas e acidentes
do que auxiliar. Além disso, muitos desses dados foram obtidos de forma oral,
ou seja, só com informações de pessoas. Taxistas, farmacêuticos e pessoas
comuns. Tantos que nem foi possível colocar todos os nomes. Ainda assim foi
impossível descobrir o dia, mês ou o nome do piloto envolvido nesse
acontecimento. Além de não possuirmos os registros públicos, devido a um
incêndio, os próprios cidadãos nem ligam muito para fatos realmente relevantes
daqui. Não por crueldade, mas por pensar que aquilo não lhe interessa. Detalhe
que através da pesquisa descobri que esse não foi o único acidente aéreo
registrado na cidade.
Muitas vezes teríamos que
conceder mais valor à cidade em que moramos. Ela nos moldou como somos.
Agradeço a todos que colaboraram com essa pesquisa, e em especial a Romeu
Almeida Machado. Se não houvesse concedido essa imagem, talvez esse fato teria
sido esquecido para sempre.
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