Eu estou vendo muita gente aproveitando e fazendo a trend do Studio Ghibli. Então, eu quero colocar aqui minha crítica, antes que mais figuras poderosas dentro da cidade façam a besteira de a fazer (ou fazer mais) sem pensar. Pois já vi conselhos da cidade fazendo isso, a antiga vice-prefeita, outros artistas. Vai fazer a galera parar com isso? Não, mas ao menos faço elas pensarem.
Para se ter uma ideia de como é isso, vamos começar com uma notícia. Um perfil no Facebook ofereceu como serviço, a customização de fotos pessoais, para ficarem com o "Estilo Ghibli". O serviço é feito em cerca de 24 horas e só é cobrado 39,00 R$. Criação de imagens no estilo das animações do Studio Ghibli, é de graça pelo ChatGPT, em um de seus recursos! O pior, foi notar que (digo como artista) boa parte das artes não emula completamente o estilo Ghibli, ignorando traços como narizes grandes e outras características que só um artista real notaria.
Além do uso para funções de fake news ou uso indevido e inapropriado de imagens, muitos bancos, hoje em dia, usam a face como modo de destravar certos recursos dentro dessas instituições. Imagine que alguém use seu rosto como modo de destravar sua conta!
Mas há um uso indiscriminado das Open AI, como uma febre de certo tempo pra cá. Sem dar o devido crédito aos autores. Um desses casos, fica claro, é do Studio Ghibli, criado em 1985, pelos diretores Hayao Miyazaki e Isao Takahata, junto ao produtor Toshio Suzuki. Entre seu filmes estão A Viagem de Chihiro, Princesa Mononoke, Meu Amigo Totoro, O Castelo Animado, Nausicaa do Vale do Vento, Túmulo dos Vagalumes, entre outros. Seu estilo artístico é caracterizado por animação tradicional, feita a mão. E suas histórias, mesmo quando tratam de seres sobrenaturais, ou fora do comum no mínimo, são de um humanismo radical. Tratando com um realismo, mas ainda assim podendo ser cruel, assuntos como guerra, solidão, preservação do meio ambiente, entre diversas outras coisas.
Podemos falar que um recurso tecnológico, que ignora a humanidade, foi usado sem consentimento para uma IA gerar imagens, que visavam apenas enriquecer uma empresa milionária acusada há anos de roubar dados pessoais! E tudo isso para gerar imagens de memes, em massa, muitas vezes de gente extremamente cruel pelos padrões do Studio Ghibli. E essas pessoas cruéis endossam violências e destruição do meio ambiente, chegando ao ponto de genocídios pelo mundo.
Miyazaki em 2016 já disse "Arte criada por inteligência artificial é um insulto a vida". E está certo.
Você pode pensar que o efeito ficou legal, mas se uma big tech faz isso, na frente de todo mundo, o que ela poderá fazer logo logo com sua imagem? Não apenas com sua foto, mas sua voz, sua privacidade, pois caso não saibam, o próprio Mark Zuckenberg (dono do Facebook) tampa a câmera de seu notebook! Obviamente, pois sabe que nem seus dados estão seguros. Pois hoje são artistas, mas logo seremos todos nós. Ele mesmo, teria roubado textos de escritores, para treinar IAs também!
Bem dito isso tudo, vamos por partes. Quando a Miramax de Weinstein adquiriu Princesa Mononoke, ele exigiu que o filme de 135 minutos fosse reduzido para 90, para torná-lo “mais vendável”. Mas o produtor do Ghibli, Toshio Suzuki, enviou uma espada samurai com duas palavras gravadas: “Sem cortes.”
Harvey Weinstein exigiu cortes. O Studio Ghibli respondeu com uma espada. Weinstein ficou furioso e ameaçou destruir a carreira da equipe. Mas Miyazaki manteve os direitos, e a sua posição. O filme foi lançado exatamente como ele sonhou.
Anos depois, Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão por crimes sexuais. Notemos que o Studio Ghibli prima pela arte, acima do lucro. Pois isso poderia ser um tiro no pé.
Mas podemos falar que alguém tem propriedade intelectual do estilo? Já que quando virou moda esse uso de IAs pra construir imagens com estilo de obras da Disney, o debate de que estivesse acontecendo copiar o estilo das princesas, não rolou, porque o olhar que se tinha era que ninguém considerou que o estilo que a Empresa do Rato desenha em si seja propriedade intelectual.
A Disney seria tão dona desse traço quanto se está alegando que o studio Ghibli seria em se utilizar este estilo? E o mesmo com outras empresas como a Illumination ou outras.
Ai podemos pensar em um detalhe: pense em um artista, autoditata, que de repente cria sua própria arte e seu estilo. Difícil, mas não impossível. Eu mesmo conheço dois artistas assim Nicole e Bertho Horn. Imagine agora eles, colocando sua arte na internet e do NADA, eles aparecem sendo copiados por uma IA. O exemplo da Disney se perde, pois podemos notar que, como foi a Ghibli, tanto sua arte como seu estilo (sem contar sua moral e dedicação) foi roubada por essas big techs.
Um outro exemplo. Pense naquele garoto, que faz uma ilustração de um cavalo. Na verdade, na visão das pessoas adultas, aquilo parece um rabisco. Sabendo que ainda há a necessidade de um desenvolvimento, eles o apoiam, protegendo a imagem em uma pasta. Anos depois, aquele garoto, scanea aquela imagem, e diz que aquilo é um cavalo para a IA. Ela não vai aceitar isso, pois não consideraria algo daquele tipo, como definido. Quais são os parâmetros da inteligência artificial para decidir, ou não, isso?
E qual a chance dessas IAs roubarem outras áreas de artes: cinema, música... Se acha que é difícil, basta lembrar que recentemente ocorreu greve de atores e roteiristas (o que não ocorria, faz anos) pelo uso indevido de imagens de atores em filmes que NÃO PARTICIPARAM.
E qual a chance dessas IAs roubarem outras áreas de artes: cinema, música... Se acha que é difícil, basta lembrar que recentemente ocorreu greve de atores e roteiristas (o que não ocorria, faz anos) pelo uso indevido de imagens de atores em filmes que NÃO PARTICIPARAM.
Não me entendam mal. As IAs são ferramentas úteis. Mas quantas pessoas entendem como ela funciona? Um exemplo, quando temos um martelo em mãos, quantas pessoas se lembram ou sabem que há uma parte acima, que serve para tirar pregos? Ou até mesmo, quem usa computador, quantas crianças em pleno século XXI, sabem como fazer um print usando comandos em um computador? Formatar textos? Usar Word, Excel, Power Point, ou ao menos como o Paint ou Bloco de Notas?
Eu vejo algumas pessoas na área das artes defendendo o uso indiscriminado das IAs. Há um porém: muitos deles não criam, só são "copistas", fazem covers. Não se afetam, pois nada deles precisa ser criado. Só tocando Charlie Brown Jr. ou O Rappa, para tocar fica fácil. Sem ser como os artistas atuais, que lutam tanto para ganhar seu espaço. Artistas que apoiam, ou tem bons argumentos, ou são ricos.
As pessoas ignoram as IAs como ferramentas, e as usam como um funcionário. E eu tenho provas. Quantas vezes antes, eu tinha que verificar um trabalho em pesquisas, para tentar encontrar se o aluno só não puxou de um ChatGPT as informações.
Se formos pensar até de um modo histórico, isso é errado. Para ficar mais claro, pegamos como exemplo a Pedra do Ingá, que fica em um sítio arqueológico na Paraíba. Um monumento, identificado como "Itacoatiara", constituído por um terreno rochoso que possui inscrições rupestres entalhadas. No Ingá, o monumento ígneo é formado por um elaborado conjunto de símbolos que foram, em tempos remotos, perfeitamente entalhados e polidos em sua dura superfície gnáissica. Ainda não existe qualquer resposta sobre o que veio a representar ou mesmo quem foram estes complexos povos pré-históricos, cujo monumento vem ser um testemunho de seu grau artístico cultural. É pouco provável que os gráficos do Ingá representem um conjunto ideográfico, como os hieróglifos egípcios, ou silábico, como a escrita cuneiforme do antigo Oriente Médio. A sua disparidade e, principalmente, a falta de conexões sistêmicas que sugira uma organização textual, testemunha muito pouco em favor de uma escrita. No entanto, é inegável que ali contém uma tentativa de mensagem.
Assim como a Pedra do Ingá, a pintura rupestre foi uma das primeiras ferramentas que os humanos tiveram para se conectar, com outros que eles nunca chegaram a conhecer. Incluindo eu e você. Obviamente, eles nunca pensaram nisso a tão longo prazo, mas queriam sim atingir outros com sua arte. Pois foi através disso que os Homo sapiens conquistaram a imortalidade. Algo feito, há 40 mil anos atrás, é apreciada e desperta algo até hoje. E esse "artista" habita nossa vida, como dito antes, nos nossos tempos atuais. E mesmo que conquistemos as estrelas, esse ser humano ainda representará o quão incríveis somos. Trazendo emoções de milhares de anos, literalmente, aos dias atuais. Que mesmo se tentássemos colocar em palavras, elas seriam pouco para descrever. Isso é arte.
Algo que uma máquina jamais vai ter como ideia, que essa mesma arte é necessária, para que nós sintamos vivos.
Se formos pensar até de um modo histórico, isso é errado. Para ficar mais claro, pegamos como exemplo a Pedra do Ingá, que fica em um sítio arqueológico na Paraíba. Um monumento, identificado como "Itacoatiara", constituído por um terreno rochoso que possui inscrições rupestres entalhadas. No Ingá, o monumento ígneo é formado por um elaborado conjunto de símbolos que foram, em tempos remotos, perfeitamente entalhados e polidos em sua dura superfície gnáissica. Ainda não existe qualquer resposta sobre o que veio a representar ou mesmo quem foram estes complexos povos pré-históricos, cujo monumento vem ser um testemunho de seu grau artístico cultural. É pouco provável que os gráficos do Ingá representem um conjunto ideográfico, como os hieróglifos egípcios, ou silábico, como a escrita cuneiforme do antigo Oriente Médio. A sua disparidade e, principalmente, a falta de conexões sistêmicas que sugira uma organização textual, testemunha muito pouco em favor de uma escrita. No entanto, é inegável que ali contém uma tentativa de mensagem.
Assim como a Pedra do Ingá, a pintura rupestre foi uma das primeiras ferramentas que os humanos tiveram para se conectar, com outros que eles nunca chegaram a conhecer. Incluindo eu e você. Obviamente, eles nunca pensaram nisso a tão longo prazo, mas queriam sim atingir outros com sua arte. Pois foi através disso que os Homo sapiens conquistaram a imortalidade. Algo feito, há 40 mil anos atrás, é apreciada e desperta algo até hoje. E esse "artista" habita nossa vida, como dito antes, nos nossos tempos atuais. E mesmo que conquistemos as estrelas, esse ser humano ainda representará o quão incríveis somos. Trazendo emoções de milhares de anos, literalmente, aos dias atuais. Que mesmo se tentássemos colocar em palavras, elas seriam pouco para descrever. Isso é arte.
Algo que uma máquina jamais vai ter como ideia, que essa mesma arte é necessária, para que nós sintamos vivos.