quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Patrimônio histórico e como Santa Isabel não os conserva

A palavra patrimônio vem do latim “patrimonium”, na junção das palavras pater (pai) e monium (sufixo que indica condição, estado, ação). Por meio dessa etimologia, entende-se a relação do termo com a ideia de herança, daquilo que era transmitido de geração para geração.
De uma concepção individual e privativa, com o passar do tempo, – mais precisamente no período entre guerras –, o conceito de patrimônio adquiriu uma abordagem abrangente, passando a ser aplicado em diferentes áreas.
Dentro da história e da arquitetura, o patrimônio se divide em duas categorias: os bens considerados materiais e os imateriais que juntos representam a identidade, cultura e história de um determinado povo. Segundo a legislação brasileira, o patrimônio cultural pode ser definido como:
“O conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do país, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.
Ou seja, o que determina se um bem cultural é ou não patrimônio é a sua relevância histórica para a formação identitária da cultura de um povo.
O patrimônio cultural pode ser Material e Imaterial.
O Patrimônio cultural material são todos os bens físicos classificados em quatro categorias: Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico; de Belas Artes; e das Artes Aplicadas.
Dentro dessa categoria, os bens de natureza imóvel são as cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e/ou bens individuais; já os móveis podem ser caracterizados como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
A paisagem de uma cidade, arquitetônica ou natural é considerada um patrimônio cultural material e sua preservação, de extrema relevância para a criação de laços de pertencimento de um povo e sua identidade.
Esse texto está no Instagram do Centro de Memória Francisco Sanches Baptista. E que se Chico Fotografo visse o que ocorreu com o Cineteatro Monte Negro, talvez ficasse extremamente triste. Pois aqueles que conservam seu trabalho hoje em dia, se calam diante da destruição de um patrimônio histórico de Santa Isabel. 
Muitas são as supostas justificativas para derrubar o lugar na época disso (2021). Mas todas fracas. Que era de um interesse particular, mas ainda assim, a prefeitura estava sempre em contato com o dono. Isso é claro, quando notamos que ocorreram ao menos duas tentativas de revitalizar o lugar (uma no governo Hélio Buscariolli, através de um projeto da ETEC e outra no governo de Fábia Porto).
Alguns falam pela falta de segurança na estrutura. Nós poderíamos notar a fiação de frente ao antigo prédio, que não traz segurança nenhuma a anos. Ou podemos ver as antigas estruturas da cidade, maiores e com mais tempo de construção. Se for por isso, já deveríamos demolir prédios daqui faz tempo.
E falaram que demoliram o lugar para fazer um prédio que será um auditório da Educação Municipal. E precisava destruir toda a fachada? Poderiam tombar ao menos a frente do lugar. Que demorou mais que o normal para ser demolida. As fotos que tirei da demolição são ao menos de 3 a 4 semanas.
Então, nos lembrando que figuras como o próprio Seu Neco passaram por lá, deveríamos pelo menos ter um respeito por esse lugar. Mas não, entra gestão, sai gestão, vemos pessoas destruindo os lugares para "mostrar que fizeram algo pela cidade". Pedimos isso, em um período de pandemia mundial? Assim como campos de futebol? 
Ainda digo mais: entre os tipos de registros da história estão os escritos, visuais, orais sonoros, imateriais e materiais. Quando eles destroem um prédio como esse, eles acabam com um arquivo material de nossa história. Então, esse texto é para confrontar os supostos defensores da história em Santa Isabel: onde estavam quando "matavam" parte de nossa cultura, com martelos e o fazendo cair em pedaços, literalmente?

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