sexta-feira, 30 de julho de 2021

Texto da revista Santa Isabel 73' em "Homenagem ao Clube Isabelense de Arte Fotográfica FOTOGRAFIA:- ARTE

"                                                                                                                              Raul Elteberg _ FCCB.
Hon. Efiap, ARPS. 
Hon. BSC., FNPAS, PSA*** 
Foto O Temporal de Francisco Sanches Baptista
A maior das satisfações do homem é ver realizado um desejo. O anseio de perfeição e superação que nos anima a buscar um caminho novo, é uma das bases onde se assenta nossa personalidade. Um homem pode sentir-se realizado de inúmeras maneiras, e o conselho mais antigo que conhecemos diz que para a vida ter finalidade é necessário termos um filho, plantarmos uma árvore e escrevermos um livro. O que quer dizer que o homem busca em sua existência a continuidade através de um correlacionamento com a transmissão da vida materializada na continuação de seu ser e na produção de seres vivos vegetais, mas também na fabricação de elementos que irão servir de apoio ao espírito, à alma e à mente, que são os detalhes que nos distinguem dos animais inferiores.
Ter um filho, é ver-se continuado.
Plantar uma árvore, é dar sequência à vida.
Escrever um livro, é alimentar a mente.

Através destes três modos o homem tenta se perpetuar e ser lembrado pelos que o sucederão.

Mas, não é somente escrever que alimenta o espírito. Se a transmissão de conhecimentos, de cultura e civilização se faz pela palavra, não somente falada, mas também impressa, outros meios existem para a continuidade de uma maneira de ver. 

A arte de um modo geral, é a sublimação da ânsia de perfeição e de transmissão, que empurra a humanidade para a frente.

As artes dinâmicas, como o teatro, a poesia e a dança, representam um entrosamento com a realidade quotidiana de um modo vivo e ativo.

O cinema é o filho mais novo deste tipo de arte.

As artes estáticas, como a escultura, a arquitetura e a pintura, representam, dentro do nosso padrão, a perpetuação de um momento acontecido, porém imaginário, pois nada na natureza é fixo.

A fotografia é a filha mais moça deste tipo de produção artística.

Produto final de um progresso contínuo, a fotografia, que é resultado de uma materialização físico-química da luz, é capaz de, tão bem como qualquer das outras categorias artísticas mais antigas, nos transmitir mensagens de amor, ódio, paz e indiferença, como suas irmãs mais velhas.

Foto Cecilia do Dr. Jurandir Barbosa Lima
Se a perpetuação de uma mensagem através da palavra pode emocionar, uma imagem poderá dizer o mesmo que mil palavras. A dificuldade maior reside não só na transmissão desta mensagem, como também do modo como ela se verifica. Não basta simplesmente realizar todos os passos técnicos para obtermos uma imagem fotográfica com conotações artísticas. O que faz realmente compreendida a mensagem, seja ela objetiva ou subjetiva, espiritual ou estética, é a presença do autor atrás do visor, da mente sobrepondo-se ao assunto, do olho observando a lente.

A transformação do mundo se faz da maneira de ver de cada um. De cada personalidade resulta uma obra. De cada época forma-se uma cultura padrão. O homem se continua na projeção de seus feitos.

As imagens por um fotógrafo não serão simplesmente o registro de um fato, de uma situação, se a personalidade do autor for capaz de transformar a realidade existente sob seu ponto de vista individual. Basta uma mudança de posição e de ângulo, para que um simples documentário se transforme em uma obra que poderá dar aos que a vêem, oportunidade de alargar seu espírito. Basta dominar a máquina para engrandecer o homem.

A máquina é um meio, a fotografia um dos caminhos, a divulgação uma necessidade de comunicação e de transmissão, mas a finalidade definitiva é a perpetuação, o futuro, à Humanidade."

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