Quando imaginamos o leito de um rio, inevitavelmente pensamos em um curso d´água que até pode exibir curvas acentuadas - os meandros, como falam os geógrafos - mas que no fim das contas segue uma direção, um sentido jamais recuando. O Rio Paraíba do Sul, entretanto, contraria essa ideia e apresenta uma das anomalias fluviais mais sugestivas do território brasileiro.
Isso porque, em Guararema, depois de vir descendo da Serra da Bocaína sentido sudoeste, o Paraíba do Sul sofre uma súbita inflexão de 180 graus, passando a fluir no sentido Nordeste, exatamente o oposto daquele que vinha. Deste ponto em diante o rio segue sua marcha até desaguar no Atlântico.
Este tipo de feição hidrográfica é denominada "cotovelo de captação", daí o nome Cotovelo de Guararema, evidência cabal de um evento de "captura fluvial", que nada mais é do que a tomada das águas de um rio ou de um sistema de drenagem por um outro rio ou sistema vizinho, fenômeno que ocorre em áreas de falhas geológicas.
A captura da antiga drenagem do Rio Tietê pelo Paraíba do Sul tem consequências na gestão e no aproveitamento das águas pelas cidades do Vale do Paraíba, além de influenciar na biodiversidade das duas bacias, principalmente no que diz respeito à distribuição de peixes.
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