sábado, 23 de novembro de 2024

Por qual motivo se chama Parque do Imigrante? (Parte 2)

Na pesquisa, acabei descobrindo que a prefeitura começou a fazer o parque sem avisar de forma clara. Tudo bem, a prefeitura não precisa avisar a população de uma forma tão pesada e massiva. Mas a dona da área sim, como no caso, a Karibê. Sim, todo aquele território era da fábrica têxtil. E graças a um ótimo advogado e a justiça sendo sensata, fez com que a prefeitura pagasse pela compra do local. Notamos como a gestão Chinchilla é preocupante, pois faz as coisas nas coxas, sem nem saber de algo assim teria dono. Fazer o que.
Falado isso, ao conversar com pessoas do COMTUR, ao que parece, nem eles tem ideia do motivo também para se der esse nome.
Apesar disso, o advogado e colunista do Jornal Ouvidor, Dr. Luís Carlos Correa Leite, divergiu disso em sua coluna. Leia:
Apesar de as críticas serem normais dentro do quadro político curioso de uma cidade do interior como Santa Isabel, a homenagem é muito justa para aqueles que, vindo de outros países, atravessando os oceanos por quase dois meses a bordo de navios sem qualquer conforto – pois os imigrantes viajavam na terceira classe, a dos pobres – buscaram no Brasil uma vida nova, que lhes permitisse pelo menos não passar fome.  [...]
E ele vai elencando diversas figuras e figurantes imigrantes dentro da história brasileira e de Santa Isabel, incluindo prefeitos. Isso é um ato bonito, mas falho quando ignoramos o fator da imigração e para o que servia no Brasil.
O Estado brasileiro já colocou em prática um projeto de branqueamento da população, no fim do século 19 e começo do século 20. Inspirados pelo darwinismo social (uma série de ideias eugenistas que deturpavam as pesquisas de Charles Darwin), existiam muitos que defendiam uma superioridade racial. Isso beirava o absurdo de falar que alguns seriam mais "elevados" por seu intelecto, pelo seu físico ou até por sua cultura, o que era, é e sempre será, uma falácia. E que seria possível "melhorar a genética dos seres humanos" se selecionassem determinadas características hereditárias. Já entendeu onde quero chegar?
No fim do século 19, uma política de Estado, se mostraria como essa tentativa de eugenia que foi colocada para tentar "apagar" as características de negros (os ex-escravizados africanos) do Brasil, sendo que eram uma grande parcela da população. Para isso, o governo brasileiro incentivou a vinda de imigrantes europeus. Para ocupar o espaço e fazer serviços, antes feitos pelos, então, escravos. A lei de imigração de 1890 estipulou que o governo brasileiro pagaria a viagem desses estrangeiros, ou ao menos, daria um desconto. 
Geralmente, essas famílias vinham com tudo pago! Que mesmo com casas provisórias, tinham condições satisfatórias para pagamentos. Havia uma lei que dizia o seguinte: indígenas, asiáticos e africanos só poderiam ser agraciados, dessa mesma forma, mediante a aprovação no Congresso Nacional. Demonstrando que a vontade do governo era deixar o Brasil "mais branco".
Só para ter uma ideia, no fim do século 19 e começo do século 20, metade dos habitantes de São Paulo eram estrangeiros. A maioria, italianos. João Batista de Lacerda, médico e diretor do Museu Nacional, era um dos responsáveis sobre esse pensamento para embranquecer o Brasil. Como seria isso? Com a miscigenação, pois "a genética branca superaria a genética negra". E progressivamente, as famílias não teriam mais filhos negros. 
O que notamos, não deu certo. E esse projeto acabou. Ainda assim, o que não acabou até hoje foi o racismo.
O que tem tudo isso a ver com o texto do Dr. Luís Carlos Correa Leite? Ele não precisava saber disso que escrevi, mas antes te tratar sobre algo como o parque e sua nomenclatura, ele tem a obrigação de ter certeza se isso faz algum sentido.
Ele apenas recebeu essas informações. Não as buscou. Eu confrontei pessoas que deveriam me ceder essas informações antes dele redigir esse texto sobre o parque.
Notem que a primeira parte desse texto aqui, sobre o Parque do Imigrante, é de 10 de Outubro, e o texto do doutor é de 9 de Novembro. Ambos no mesmo ano, mas que demorou demais para ter uma resposta mais firme. E em nenhum momento, eu quero com isso desmerecer os imigrantes dentro de Santa Isabel. Já que eu mesmo, supostamente, sou descendente de alemão. Mas como diria uma música "cada prédio em São Paulo construído, tem o sal do suor do nordestino". E se podemos falar isso da capital, em Santa Isabel, nós falaríamos dos negros e mineiros.
As principais e mais antigas igrejas, e o obelisco dos 13 de Maio, são feitos pelas mãos de africanos e descendentes de africanos. E o nosso sotaque, e até vícios de linguagem vem da cultura mineira, pois muitos vieram para cá na época dos tropeiros. Então, quando o doutor fala que tivemos pessoas importantes na cidade, devido a imigração, faz sentido. Mas e a importância desses que foram e são marginalizados, nas construções, no patente de verdade? 
Lembrando que as primeiras respostas sobre o parque não eram relacionadas aos imigrantes, no plural. Na verdade, se referiam ao próprio prefeito, que seria um imigrante, no singular. O nome do local demonstra isso. Pois quem escreve aqui é uma pessoa que já foi, por exemplo ao Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil e ao Museu da Imigração do Estado de São Paulo. O primeiro está localizado na sede da extinta Hospedaria dos Imigrantes. Já o segundo está localizado nos andares 7, 8 e 9º do prédio do Bunkyo, Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social. Que demonstram um elo com os assuntos abordados, como deve ser. Em que há de ligação entre o local do parque e a imigração? Por qual motivo antes, não havia uma resposta concreta sobre o assunto?
Lembrando que até mesmo o Parque Municipal Santa Isabel, quase foi chamado de Parque Municipal Zumbi dos Palmares. Mas qual ligação a esse figura, o município tem? Nenhuma! Como algo como um parque novo, não deve uma pesquisa do legislativo e executivo isabelense?


https://jornalouvidor.com.br/os-imigrantes/?fbclid=IwY2xjawGnOtxleHRuA2FlbQIxMQABHc9AJMJoBjkDvouvv1gkR37HgIcfprIqLveq2m96fXNiJhR2wghxLxvuUw_aem_VZmNIow6tQunoxC7efy4Cw

Nenhum comentário:

Postar um comentário