sábado, 13 de novembro de 2021

A extinção do campo do Franqueza

Com o início das obras de construção de uma creche municipal e da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE que ocupou os campos de futebol A e B do Franqueza, nas imediações do terreno onde se encontra a Unidade de Pronto Atendimento – UPA de Santa Isabel, em 2016, os isabelenses começaram a se despedir dos campos que, por 44 anos, foram palco de históricas partidas de futebol.
Por intermédio de uma emenda do Governo do Estado, Santa Isabel começou a construção de uma nova creche municipal, para tal obra a prefeitura realizou uma limpeza geral na área que será ocupada por ela e todo entulho, bloquete e ferros retorcidos que lá estavam depositados foram retirados da área e colocados no campo B do Franqueza. Pelo menos era isso que falavam.
De acordo com o secretário de Planejamento e Obras, Daniel Polydoro, a construção da creche poderá acontecer paralelamente com a construção da ETE. Sobre o entulho no campo, Daniel explica que: “A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) nos solicitou que fizéssemos o ajustamento das costas topográficas das obras da ETE, conforme está no projeto que enviamos a ela”.
Para o Secretário, nem os bloquetes e tão pouco o gramado dos campos estavam em condições de reuso: “Remover a grama para reaproveitá-la custaria mais caro que a aplicação de grama nova e o tempo para removê-la atrapalharia o andamento da obra”, esclarece.
Enquanto para alguns o clima é de festa, pois a cidade inicia a construção de uma ETE, algo inédito na história do município, para outros o momento é de despedida. Juvenal Pereira de Souza, 76, conhece como ninguém cada centímetro dos campos que, durante 32 anos cuidou. Sua única função era prepará-los para as partidas dos finais de semana: “Ouvi dizer que o Prefeito tentaria salvar um dos dois campos para que a ETE não acabasse com os dois de uma só vez, mas de repente, caminhões começaram a entrar no campo e despejar todo este entulho aqui”, conta, acrescentando com pesar: “A dor maior é que um dia antes da invasão de entulho eu havia pintado todas as áreas e demarcado todos os pontos do campo, pois eu acreditava que no próximo final de semana teríamos uma última partida de despedida, mas não tivemos”, lamenta.
Juvenal e o amigo Manoel Eleotério, 61, que hoje é zelador do Ginásio Municipal de Esportes, são a memória viva de como os campos do Franqueza foram criados, segundo eles foi pela força de vontade dos funcionários da extinta fábrica Franqueza que existia no município que os campos foram construídos: “O campo B nós construímos manualmente em 1971, utilizamos apenas foice e machado, lembro até hoje da primeira partida oficial disputada aqui em 1972, foram funcionários da produção contra os funcionários do escritório da empresa Franqueza”, recorda emocionado Manoel.
Juvenal, que trabalhou por 30 anos na prefeitura e hoje é aposentado, se despede dos gramados que ele nunca jogou, “Mas que sempre cuidei como um pai cuida de um filho. Já me convidaram para zelar pelo campo da Avenida Brasil, mas não seria a mesma coisa, é triste lidar com esta realidade sem poder fazer nada, estou de mãos atadas”, lamenta.
De acordo com o prefeito Padre Gabriel Bina, a prefeitura ainda não encontrou uma outra área para fazer novos campos, mas “Estamos estudando opções possíveis para sua implantação”, explica.
O secretário de Esportes, Daniel de Lucena, destaca que o município tem uma emenda parlamentar concedida pelo deputado estadual André do Prado no valor R$200 mil para a construção de um novo campo: “só poderemos usar esta verba se tivermos uma área para a construção e neste momento a secretaria esta procurando este local”, disse. De acordo com o Secretário, até a resolução do caso, os jogadores utilizarão o campo do Santa Isabel Esporte Clube – Siec e do estádio municipal da Avenida Brasil. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário