Alguém certamente já se esbarrou com Teresa Pimenta Neves alguns anos atrás, pelas ruas do centro de Santa Isabel. A mulher idosa, magrinha e miudinha é reconhecida por sua garra e perseverança. Dona Teresa como é popularmente conhecida é aposentada, mas tornou-se catadora de reciclagem há 20 anos para completar sua renda.
Teresa que nunca frequentou a escola nasceu em Santa Isabel e não tem filhos, vive em um terreno situado na Av. Brasil junto com os irmãos. Abandonada pelo último marido ela prefere hoje morar em um cômodo sozinha.
Mesmo sem frequentar a igreja, a catadora se diz católica: “Não consigo ir à missa, pois tenho que trabalhar”, revela. Teresa trabalha quase todos os dias da semana e sua jornada inicia sempre bem cedo. Nos dias de maior movimento ela sai ainda de madrugada e volta somente por volta das 17h.
Quando questionada de sua data de nascimento só sabe informar que nasceu numa quarta-feira de setembro e mais nada. Desde pequena ela trabalhava para ajudar os pais Pedro Silva e Maria de Pimenta Neves que morreram há 20 anos, deixando ela e os cinco irmãos.
Recebe cerca de R$ 400 de aposentadoria e consegue tirar R$ 100 por mês com a venda de reciclagens: “A única vez que fiquei sem trabalhar foi no ano passado, pois roubaram meu carrinho que uso, mas ganhei outro da prefeitura”, diz.
Francisco Ferreira, é proprietário do Comércio de Metais de Santa Isabel, local onde Dona Teresa vende seus produtos há cinco anos: “Antes de trabalhar aqui ela vendia em outro local, mas com sua ingenuidade, o dono a passou, várias vezes para trás, não pagando a ela pelo trabalho prestado”, revela.
Segundo Francisco, Teresa chega a fazer duas viagens por dia puxando papelão, garrafas pets e outros produtos: “Essa mulher é muito guerreira já cansei de pedir para ela deixar a reciclagem de lado e aproveitar a aposentadoria, mas ela não dá atenção e sempre volta para rua”, disse.
Antes de posar para a foto Dona Teresa passa a mão nos cabelos bagunçados, um ato vaidoso e nobre que mostra que antes de ser catadora Teresa é, acima de tudo, mulher.
Texto do jornalista e fotógrafo Bruno Martins.